Trapiche do século XIX ferve como território de convivência

O quarteirão configurado pelas ruas Sacadura Cabral e Antônio Lage, na Gamboa, é uma efervescência só. De lugar ermo, abandonado, a Praça da Harmonia começou a respirar novos ares a partir de 2013, com a derrubada da Perimetral para a série de intervenções municipais na Zona Portuária. Aos poucos, o ex-trapiche do século XIX que deu origem ao largo foi recebendo melhorias até virar o turbinado território de convivência atual.

O projeto de revitalização da pracinha, cercada por edificações antigas e um coreto no centro, foi realizado em parceria com a comunidade. Em primeiro lugar, procedeu-se ao nivelamento do solo, por meio da reposição de saibro, e à reconstituição de canteiros e gramados. Em seguida, substituíram-se os brinquedos e bancos quebrados por novos equipamentos, pintaram-se as mesas de jogos de tabuleiro e trocaram-se o gradil, as traves de futebol e as cestas de basquete da quadra poliesportiva, além do reforço do sistema de iluminação.

Denominado, oficialmente, Praça Coronel Assunção, o espaço recebe várias apresentações culturais, como as do Cordão do Prata Preta – que comanda rodas de samba mensalmente na quadra poliesportiva –, da Orquestra de Pernas de Pau e do Bloco Tremendo nos Nervos. Além disso, a proximidade com bares, museus, ateliês e outras instituições só aumenta a movimentação da área.

Arte transformadora

Uma delas é o Instituto Inclusartiz, que ocupa, desde 2021, uma antiga fábrica de tecidos e atua como ponte entre os setores público e privado para a integração social através do poder transformador da arte. Lá, são realizadas exposições – a exemplo de “Gamboa: nossos caminhos não se cruzaram por acaso”, que teve a participação de 25 artistas e coletivos ligados à Zona Portuária, do pintor Heitor dos Prazeres a contemporâneos como Mãe Celina de Xangô, gestora do Centro Cultural Pequena África –, residências e oficinas para a formação de artistas.

O Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), apresentando mostras sobre a história do maior desembarque de africanos escravizados no mundo; o Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos, com o Circuito de Herança Africana; o Espaço Malungo e suas apresentações musicais, exposições e outros eventos culturais; o Mississippi Delta Blues Bar, a primeira casa temática dedicada ao blues; e o Bar Dellas – um fenômeno na noite carioca, com rodas de samba, festas ao som de DJs e noites específicas (dedicadas à música árabe, latina, afrohouse, afrotechno e kuduro, por exemplo) – também concorrem para o enorme afluxo de frequentadores da Praça.

 

Praça da Harmonia
Gamboa