Instituição-âncora do Porto Maravilha arquiteta experiências de vida na terra

Em 17 de dezembro de 2015, portanto dois anos e nove meses após a criação do Museu de Arte do Rio, veio o arrojado Museu do Amanhã, também concebido em conjunto pela Prefeitura e a Fundação Roberto Marinho. Foi projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava, que se inspirou nas bromélias do Jardim Botânico para desenhar seus traços longilíneos.

Numa área de 30 mil metros quadrados, a construção não poderia ultrapassar 20 metros de altura, para não influir na visão das edificações históricas do entorno. O desenho das janelas enquadra marcos como o Morro da Conceição, o Mosteiro de São Bento e o edifício A Noite.

A preocupação com a sustentabilidade levou à execução da cobertura por intermédio de aletas revestidas por painéis fotovoltaicos. Assemelhadas a espinhas de peixe que se movimentam como asas conforme a direção dos raios solares, grandes estruturas de aço captam 10% da energia total consumida pelo Museu.

Ecossistema de conhecimento

A instituição-âncora do programa municipal de revitalização da zona portuária chegou para popularizar as descobertas científicas importantes, em especial nos campos da Cosmologia e do Meio Ambiente, e conta com coleta de dados em tempo real sobre o clima e a população, via agências espaciais e das Nações Unidas.

A exposição principal, no segundo pavimento, parte de um conceito curatorial do físico e doutor em Cosmologia Luiz Alberto Oliveira e leva os visitantes a uma experiência de vida na terra, com recortes temporais distintos, por meio de cinco grandes narrativas (disponíveis em português, espanhol e inglês), estruturadas nos respectivos pavilhões: Cosmos – o primeiro da série, promove, dentro de um domo, vivência imersiva numa projeção em 360º, percorrendo galáxias, átomos e o interior do sol –, Terra, Antropoceno, Amanhãs e Nós.

O único objeto físico integrante do acervo do Museu é um churinga, artefato do século XIX em madeira lavrada, com significado simbólico para os aborígenes australianos. O esguio objeto etnográfico – e que remete à proposta da mostra principal – representa os saberes das gerações precedentes legados às futuras. E, assim, a própria continuidade do povo e de sua cultura. Curiosamente, seu desenho guarda uma similitude com as formas projetadas por Calatrava.

“O Museu do Amanhã é um museu de ciências diferente. Partimos do fio da ciência para poder pensar os amanhãs que desejamos e precisamos. Temos um desafio maior de ser um espaço de construção coletiva do futuro e isso permeia todas as nossas ações e programações. Não somos só um espaço de exposições, mas também de projetos. Esse conjunto nos torna um ecossistema de conhecimento”, sintetiza Bruna Baffa, diretora geral da instituição.

 

Museu do Amanhã

Praça Mauá, 1 – Centro

museudoamanha