Museu do Açude reúne arte oriental, móveis coloniais brasileiros e azulejaria portuguesa

Enquanto os amigos de infância iam para a Disneylândia, João Henrique Maria Gabriel Gonzaga de Orleans e Bragança passava as férias acampado pelo Brasil, na companhia do pai, então tenente-coronel da Aeronáutica. Dessas experiências, brotou o sentimento de respeito à natureza e um monumental arquivo de fotografias que já resultou em dez livros publicados.

Trineto de D. Pedro II, D. Joãozinho sempre gostou de levar uma vida de gente como a gente. Anda a pé ou de bike pela orla, manda um tamborim afinado no bloco de carnaval Empurra que Pega do Leblon, desfila pela Portela e joga frescobol pela manhã na Praia do Diabo. Mas existe um lugar muito especial na história do príncipe: o majestoso Parque Nacional da Tijuca, que completou 158 anos.

Iniciativa pioneira, que antecipou, já no século XIX, as preocupações de D. Pedro II – filho da botânica Maria Leopoldina – com a sustentabilidade, o projeto de reflorestamento da extensa área de plantação de café surgiu da necessidade de recuperar a água para o Centro da cidade, pois os rios que a abasteciam estavam diminuindo de volume, devido aos cortes na mata.
“No replantio da região do Maciço da Tijuca, poderia ter-se utilizado uma variedade de vegetação de forma aleatória.

Entretanto, tomou-se o cuidado de retirar uma amostra da floresta na Barra de Guaratiba, que ainda apresentava uma grande parte virgem. Assim, reproduziram-se as características da plantação primária”, explica D. Joãozinho. Ainda hoje, é possível encontrar ruínas das antigas fazendas e pés de café.

O Parque é uma festa para os sentidos. Há três setores de visitação. No “Floresta”, estão o Açude da Solidão, Capela Mayrink, Lago das Fadas, Mirante da Cascatinha, Trilha Transcarioca e os restaurantes Floresta e Esquilo. O Museu do Açude merece uma citação à parte. O aristocrático casarão neocolonial, com amplos jardins, fontes e esculturas, foi uma das residências de Raymundo de Castro Maya, administrador do Parque entre 1943 e 1946. Seu acervo abrange a primorosa iconografia de artistas europeus que aqui estiveram no século XIX. E coleções em três grupos centrais: Arte Oriental (esculturas, porcelanas e louças Companhia das Índias), Artes Aplicadas (móveis coloniais brasileiros, prataria inglesa e cristais franceses, do século XVII ao XIX) e Azulejaria (painéis portugueses).

No segmento “Serra da Carioca”, o bom é desfrutar de duchas ao ar livre. Ali estão as cachoeiras do Horto, da Gruta, dos Primatas e Parque Lage; os mirantes da Lagoa, do Horto e Dona Marta; Mesa do Imperador; Vista Chinesa; e Paineiras. Já em “Pedra Bonita e Gávea”, praticam-se os esportes de aventura, com trilhas, escaladas, voos de asa delta e parapente. “Trata-se do único parque nacional urbano do mundo. Muitos países desenvolvidos não tiveram atitudes tão inovadoras nessa área como a que o Brasil adotou à época”, exulta o príncipe do Brasil – e rei da Carioquice.

 

Parque Nacional da Tijuca
Estrada da Cascatinha, 850 – Alto da Boa Vista
Tel.: (21) 2492-2250