Antigo solar do Parque da Cidade ficou fechado por dez anos  

Preciosidade que esteve cerceada aos cariocas por uma década, o Palacete do Museu Histórico da Cidade foi, finalmente, reaberto à visitação pública em 18 de maio de 2021. O antigo solar numa fazenda de café do início do século XIX, no Parque da Cidade, na Gávea, teve o interior, a fachada e a capela inteiramente restaurados pela Rio-Urbe, incluindo a adaptação do casarão para deficientes físicos, com a instalação de elevador e rampas de acessibilidade.

“Foi muito importante a reabertura pela quantidade de acervo que existe dentro do museu e por ter sido mais um equipamento devolvido para a cidade. Isso só vem a engrandecer e melhorar a própria cultura”, ressalta o presidente da Rio-Urbe, Rafael Salgueiro.

A retomada do local se deu por meio de uma exposição de longa duração, com 482 peças do universo de 24 mil itens pertencentes à instituição, de estandartes do século XIX, aquarelas de Debret e gravuras de Thomas Ender até os planos para a abertura da Avenida Central e objetos do dia a dia dos moradores do Rio de então. Além da capela, há o Café Épico, com mesinhas e ombrelones ao ar livre, opções de lanche e cestas de piqueniques – uma atividade comum no Parque, que vem recebendo também shows no jardim.

Relíquias

Uma das joias guardadas no Palacete é uma arca onde se depositava o dinheiro arrecadado pela tributação do vinho para a construção dos Arcos da Lapa. O objeto tinha três chaves, e cada uma ficava sob a custódia de uma personalidade política da época – século XVIII. A arca só podia ser aberta na presença do trio completo.

Parte importante das raridades se relaciona às tradicionais peças doadas por ex-prefeitos do Rio, a exemplo de Pedro Ernesto e Pereira Passos, que ofertaram mobiliário, louças de porcelana e condecorações – um aparelho de jantar completo, do primeiro; e o quarto de dormir inteiro, do segundo – integram a coleção.

A grande estrela, porém, é uma estátua toda em mármore, sem autoria conhecida, herdada do eclético Palácio Monroe (antigo Senado Federal), demolido em 1976. Designada “A festa”, tem a forma de uma mulher segurando um pandeiro. Sobressaem, ainda, a escultura da cabeça do Cristo Redentor, que inspirou o monumento, assinada pelo franco-polonês Paul Landowski nos anos 1920; fotos de Marc Ferrez e Augusto Malta; pinturas do italiano Eliseu D’Angelo Visconti; fantasias de Clóvis Bornay; e uma canoa Maori, presente do Consulado da Austrália pelos 450 anos do Rio, em 2016.

Curiosidade: O abolicionista Marquês de São Vicente foi o proprietário da chácara entre 1858 e 1878. Guilherme Guinle, o último morador, viveu lá por uma década, vendendo a propriedade, em 1939, para a então Prefeitura do Distrito Federal. O empresário cultivou no local plantas nativas da Mata Atlântica.

 

Museu Histórico da Cidade

Estrada Santa Marinha s/nº – Gávea

Tel.: (21) 3443-6341

mhcrj.culturario@gmail.com

http://www.rio.rj.gov.br/web/smc/exibeconteudo?id=12851136