Residências de imortais são sinalizadas como Patrimônio Cultural Carioca

Os endereços onde viveram 107 membros da Academia Brasileira de Letras (ABL) fazem parte, desde dezembro de 2021, do Circuito de Literatura chancelado pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH). Eles receberam as tradicionais plaquinhas azuis que os identificam para os passantes em diversos bairros da cidade.

O projeto de geolocalização dos registros históricos associados aos intelectuais, uma iniciativa da ABL e originalmente designado “Onde moravam os acadêmicos”, passou a integrar os 22 Circuitos do Patrimônio Cultural Carioca, que homenageiam temas diversos ligados ao Rio, como botequins, cinema, samba, choro, bossa nova e herança africana.

A primeira casa, quase centenária, a ganhar a insígnia foi a de Rodrigo Octavio Filho, na Rua São Clemente, 421, em Botafogo, com os dizeres: “Aqui morou Rodrigo Octavio Filho, advogado, poeta, crítico literário e orador. Foi o segundo ocupante da cadeira 35 da Academia Brasileira de Letras”.

O Almanaque Carioquice convida você a fazer um giro pelos lugares onde moraram alguns nomes expressivos das nossas letras, por meio de um recorte desse amplo mapeamento:

 

Machado de Assis

Nascido no Morro do Livramento, o jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e dramaturgo (1839-1908) fundou a Academia Brasileira de Letras, nos idos de 1897. É considerado por muitos críticos e estudiosos o maior e mais completo escritor da literatura brasileira.

Rua dos Andradas n° 147, (antigo n° 119) – Centro

 

Austregésilo de Athayde

Autor da máxima “Jamais escrevi um artigo que não expressasse a linha de minhas convicções democráticas”, o pernambucano (1898-1993) presidiu a Academia de 1959 a 1993. Dizia que o ato mais importante de sua vida foi ter participado do texto da Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Rua Cosme Velho, nº 599 – Cosme Velho

 

Aurélio Buarque de Holanda

Carinhosamente conhecido como sinônimo de dicionário, o lexicógrafo alagoano (1910-1989) foi professor dos Colégios Pedro II e Anglo-Americano, no Rio. Colaborou ativamente na imprensa carioca com contos e artigos. Em 1975, publicou o seu Novo Dicionário da Língua Portuguesa, o “Aurélio”.

Praia de Botafogo, nº 48 – Botafogo

 

Rachel de Queiroz

Primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras e, também, a receber o Prêmio Camões, a cearense (1910-2003) se projetou na cena literária nacional por meio do romance “O Quinze”, escrito aos verdes 20 anos de idade. Atuou, ainda, como jornalista, tradutora e teatróloga.

Rua Rita Ludolf, nº 43 – Leblon

 

Carlos Heitor Cony

Carioca da gema, Cony (1926-2018), que por um triz não se tornou padre, arrebatou quatro Jabutis – a mais importante condecoração literária do Brasil – e o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto da obra, do Petit Trianon. Recebeu, ainda, o Grande Prêmio Cidade do Rio de Janeiro, pela Academia Carioca de Letras.

Avenida Epitácio Pessoa, nº 4.500 – Lagoa

 

Darcy Ribeiro

“Estou certo de que alguém, neste resto de século, falará de mim, lendo uma página, página e meia. Os seguintes menos e menos”, declarou o antropólogo mineiro no discurso de posse na ABL. Ledo engano. Pois seu nome agora está mais e mais eternizado nas ruas da cidade.

Rua Bolivar, nº 7 – Copacabana

 

Ferreira Gullar

A pacata São Luís, no Maranhão, exportou José de Ribamar Ferreira, seu nome verdadeiro para o mundo, já que o criador (1930-2016) das quase 100 páginas do “Poema sujo” chegou a ser indicado para o Prêmio Nobel de Literatura em 2002.

Rua Duvivier, nº 49 – Copacabana

 

Hélio Jaguaribe

Graduado em Direito pela PUC-Rio, o renomado intelectual (1923-2018) fundou, ao lado de outros pensadores, o Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política (Ibesp), em 1953. O escritor colaborou intensamente para a revista Cadernos de Nosso Tempo, publicação de ensaios do Ibesp.

Rua Barão de Oliveira Castro, nº 22 – Jardim Botânico

 

João Cabral de Melo Neto

Primo do poeta Manuel Bandeira e do sociólogo Gilberto Freyre, o autor (1920-1999) do clássico livro “Morte e Vida Severina, ganhou, entre outros, o conceituado Prêmio Camões. Foi cônsul do Brasil em Londres (Inglaterra), Marselha (França), Madri, Sevilha e Barcelona (Espanha) e Genebra (Suíça).

Praia do Flamengo, nº 116 – Flamengo

 

João Ubaldo Ribeiro

O baianíssimo de Itaparica (1941-2014) era uma lenda viva do bairro do Leblon. Autor do célebre romance “Viva o povo brasileiro”, João Ubaldo trabalhou nos principais veículos de imprensa do Brasil e teve várias de suas obras adaptadas para o cinema e a televisão.

Rua General Urquiza, nº 147 – Leblon

 

Jorge Amado e Zélia Gattai

O casal Jorge (1912-2001) e Zélia (1916-2008), famoso pelas escritas temperadas com os típicos condimentos baianos, nos deu a honra de manter um lar na Cidade Maravilhosa. O edifício onde a dupla escolheu para viver aqui, ao longo de meio século, fica ao lado do Copacabana Palace.

Rua Rodolfo Dantas, nº 16 – Copacabana

 

Manuel Bandeira

O artífice (1986-1968) dos melancólicos versos de “Vou-me embora para Pasárgada” é um dos mais importantes nomes da primeira fase do Modernismo e um dos pontos altos da poesia lírica nacional. Instalado no então efervescente Centro do Rio, o pernambucano era adepto do verso livre e da irreverência.

Avenida Beira Mar, nº 406 – Centro

 

Otto Lara Resende

Mineiro de São João Del Rey, o jornalista (1922-1992) passou por todas as grandes redações do Rio de Janeiro, como os jornais Diário Carioca, Correio da Manhã, Última Hora, Jornal do Brasil, O Globo, a revista Manchete e a TV Globo. Formado em Direito, foi adido cultural em Bruxelas e Lisboa.

Rua Alexandre Ferreira, nº 350 – Lagoa

 

Antônio Houaiss

O filólogo e diplomata (1915-1999) lançou, em 2001, o Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, com alentados 228.500 verbetes. Atuou também como vice-cônsul do Brasil em Genebra, ministro da Cultura do governo Itamar Franco e presidente da Academia Brasileira de Letras.

Avenida Epitácio Pessoa, nº 4.560 – Lagoa