Trajeto de longo curso vai de Guaratiba ao Pão de Açúcar

Um circuito de cerca de 180 quilômetros, da Barra de Guaratiba ao Morro da Urca, cruzando seis unidades de conservação nas Zonas Oeste, Norte e Sul, compõe a maior trilha urbana do país. É a Trilha Transcarioca, que desvela ângulos inusitados do Rio de Janeiro, permitindo a observação de atrativos naturais pouco conhecidos da cidade.

A iniciativa partiu do Mosaico Carioca de Áreas Protegidas, criado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) em 2011 em torno de unidades de conservação administradas nos níveis federal, estadual e municipal do Rio, cujos gestores são responsáveis pelo planejamento e implantação da obra.

A trilha tem início no acesso à Represa dos Ciganos, na guarita do Cardoso Fontes na Serra Grajaú-Jacarepaguá, passando por pontos como Pico da Tijuca, Bico do Papagaio, Bom Retiro e Meu Recanto. O trajeto segue pela Serra da Carioca, onde o frequentador se extasia com o visual do Morro do Queimado e da Vista Chinesa. Na descida em direção ao Horto e Jardim Botânico, um pit stop, que ninguém é de ferro, para se refrescar nas Cachoeiras da Gruta e dos Pri­matas, até chegar ao Parque Lage, estação final.

O circuito, dividido em 25 trechos, pode ser percorrido na sua integralidade ou em seções independentes, todos os dias, das 8h às 17h. Hoje, interliga nove unidades de conservação de proteção integral: Parque Natural Municipal de Grumari, Parque Estadual da Pedra Branca, Parque Nacional da Tijuca, Parque Natural Municipal da Cidade, Parque Natural Municipal da Catacumba, Parque Natural Municipal Fonte da Saudade, Parque Natural Municipal José Guilherme Merquior, Parque Natural Municipal da Paisagem Carioca e Monumento Natural Municipal dos Morros do Pão de Açúcar e da Urca. Também permite o acesso a áreas protegidas, como o Sítio Burle Marx, o Parque Estadual da Chacrinha e o Museu do Açude.

Modelo de conservação

A Trilha Transcarioca foi idealizada pelo ambientalista Pedro da Cunha e Menezes – a partir de casos bem-sucedidos de trajetos de longo curso ao redor do mundo. Ele publicou, no ano 2000, o livro “Transcarioca: todos os passos de um sonho”. A meta do Mosaico é que a Transcarioca siga o exemplo dessas trilhas internacionais, que proporcionaram um turbinamento na visitação e melhorias na gestão das áreas protegidas, além da geração de emprego e renda.

Nesse sentido, a perspectiva é de que o grande circuito ecológico do Rio carreie benefícios ambientais para a cidade, como o tão sonhado corredor florestal entre os maciços da Tijuca e da Pedra Branca. A Transcarioca – uma ferramenta viva de educação ambiental em áreas de restinga, manguezal, praia, costão rochoso, floresta de baixada e floresta montana – está servindo também como modelo de conservação de diferentes ecossistemas da Mata Atlântica.

O projeto conta com o apoio do Movimento Trilha Transcarioca (MTT), que reúne pessoas e instituições da sociedade civil comprometidas em organizar a interlocução entre voluntários e gestores das respectivas unidades de conservação, em caráter colaborativo. São considerados Amigos da Trilha Transcarioca todos aqueles que contribuem com o movimento – inclusive na adoção de trechos específicos para a manutenção periódica –, compartilhando suas ideias e ações no intuito de promover e proteger o circuito.

 

Trilha Transcarioca

Início no acesso à Represa dos Ciganos, na guarita do Cardoso Fontes, na Serra Grajaú-Jacarepaguá, até o Parque Lage, no bairro do Jardim Botânico