Todo mundo acaba se encontrando na meca do comércio popular carioca

De deserto não tem nada! No frio ou no calor os cariocas enchem as ruas do Saara. Por alto-falantes e cartazes em letras garrafais que anunciam as ofertas imperdíveis do dia, as unidades, espalhadas por aproximadamente 200 mil metros quadrados, buscam atrair as atenções dos milhares de pessoas que vão às compras e transitam naquelas ruas estreitas do Centro. Lá tem de tudo, de esmaltes e capinhas de celular até artigos para festas e jardinagem – a preços supercamaradas.

Senão vejamos: Palácios dos Cristais (pedrarias e lantejoulas para vestuário), Reduto das Essências (para confecção de perfumes e sabonetes), Tilly Presentes (produtos em MDF, bambu e palha), Sebra (roupas térmicas, meias, luvas, gorros, casacos e botas), Socouro (para estofamentos, calçados, bolsas e cintos), Requinte (cama, mesa e banho, almofadas e cortinas), Damai (cangas e biquínis), Bazar Rio (pelúcias), Molezão dos Aramados, Atacadão das Gravatas e Souvenirs Silvestre (lembrancinhas da Cidade Maravilhosa) são só alguns exemplos da abundância encontrada.

Localizado no Centro Histórico do Rio de Janeiro, a Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega (Saara) corresponde ao maior shopping a céu aberto do estado do Rio. Formada pelos comerciantes das 11 vias do entorno, engloba mais de 800 lojas. As edificações preservam muito da arquitetura de fins do século XIX, quando imigrantes sírios, libaneses e judeus ocuparam o quadrilátero constituído pela Praça da República e as Ruas da Alfândega, dos Andradas e Buenos Aires. Provenientes da Europa Central e do Oriente Médio, eles montaram ali seus pequenos negócios.

A Sociedade surgiu no início da década de 1960, para evitar desapropriações do casario que os então modernos planos urbanísticos ameaçavam botar abaixo. Ao longo do tempo, a população passou a empregar o termo Saara para se referir àquele núcleo do Centro, que incorporou também os fluxos migratórios posteriores de chineses e coreanos, entre gerações de brasileiros, ampliando a heterogeneidade étnica da meca do comércio popular.

 

Saara

Rua da Alfândega, s/n – Centro