João de Barro batiza restaurante de cozinha internacional inaugurado nos anos 70

Já reparou que a casinha do joão-de-barro é uma aula de engenharia? Pois em homenagem a essa vocação do passarinho para construtor, Carlos Alberto Ferreira Braga cunhou seu nome fantasia. Estudante de arquitetura da Escola Nacional de Belas Artes no início da década de 30, Braguinha adotou o pseudônimo para driblar o pai, que não queria ver a assinatura familiar impressa no meio musical, muito mal visto à época. E, sob a identidade secreta, abandonou o curso e começou a integrar o Bando dos Tangarás, ao lado de Noel Rosa, Almirante e Alvinho.

Foi o princípio de uma profícua carreira de compositor, enfileirando um sucesso atrás do outro. De “Carinhoso” (com Pixinguinha) a “Pastorinhas” (com Noel), mais de 400 títulos adensam o repertório do autor – que desde pequeno costumava cantar acompanhado ao piano pela avó. E, se lá no início ele quis homenagear o passarinho-arquiteto, foi, a seu turno, reverenciado por um estabelecimento que frequentava assiduamente no Centro da cidade. É que o Bar do Bittencourt, após uma reforma que adicionou linhas refinadas ao imóvel nos anos 70 – introduzindo mesas com sofás laterais, separadas entre si por divisórias de vidro jateado – virou o Restaurante João de Barro. E com direito a dois pratos batizados pelo grande compositor, falecido na véspera do Natal de 2006, aos 99 anos.

Lá, consulte a boa carta de vinhos e aguce o apetite com um velho e bom coquetel de camarão, casquinha de siri ou carpaccio. A casa aposta firme nas saladas, como as do Chef (fusili, rúcula, tomate e mozarela de búfala); do Mar (polvo, camarão, brócolis, cebola e tomate); de Camarão (com batata em cubinhos, nozes, uvas verdes e creme de leite fresco); e de Verão (frutas laminadas da estação). Os carnívoros podem saborear um dos pratos que agracia Braguinha, o chateaubriand a João de Barro (grelhado, com molho madeira, champignon, bacon, petit-pois, batata sautée e palmito). Ou então provar o tornedor ao foie gras, mignonette de vitelo ao funghi, medalhões de filé à bordelaise, bife de tiras, supremo de frango ao catupiry ou frango ao mel.

No segmento oceano, o filé de bandejo à João de Barro (grelhado, batata sautée, petit-pois, palmito, molho de alcaparras, camarão e champignon) rende mais um laurel a Braguinha. Em disputa no páreo, destacam-se paella à valenciana, arroz de frutos do mar, cavaquinha a thermidor, polvo à espanhola e lula recheada. As sugestões da semana podem incluir risoto de rabada com agrião, bobó de camarão, feijoada e cozido. Para encerrar o ágape, faça unidunitê entre crepe suzette e banana flambée. E saia com a alma cantando – em gratidão ao sólido repertório construído pelo nosso arquiteto musical João de Barro –, “meu coração, não sei por que, bate feliz…”

 

Restaurante João de Barro
Rua Visconde de Inhaúma, 113 – Centro
Tel.: (21) 2233-2733