Cantora ensina a partitura do personalismo vocal

“Ela é a última cantora pura do Brasil”, chancela o mestre Ruy Castro — uma autoridade inquestionável quando o assunto gira em torno da Música Popular Brasileira — sobre a cantora Clarisse Grova. Não à toa, sua Oficina da Voz vive cheia de “canários” amadores e profissionais, em busca das orientações precisas da mestra.

Bem em meio ao caos do Centro da cidade, é possível, se você trabalha nas quadradezas, dar uma fugidinha (ou ir especialmente até lá, porque a experiência merece) à Avenida Nilo Peçanha para, em sessões particulares ou em grupo,
aprender tudo sobre emissão, articulação, timbre e dicção. Graças a essas qualidades, Clarisse foi eleita por linguistas brasileiros e espanhóis para a confecção de um software conversor de texto em voz da madrilena Telefônica / Vivo.

Ela traz na bagagem, entre outros, um álbum gravado somente com composições de Aldir Blanc e Cristóvão Bastos e uma intensa carreira na publicidade. A intérprete dublou, nos primeiros capítulos, a atriz Larissa Maciel, que vestiu a pele da célebre intérprete de “Meu mundo caiu” na minissérie “Maysa: Quando fala o coração”, exibida pela TV Globo em 2009.

A Oficina realiza apresentações com grupos de alunos dentro do projeto “Vem cantar comigo”, no intuito de que adquiram noções acerca do que os artistas costumam vivenciar sobre um palco. E produz gravações de áudio e clipes deles, divulgados no canal do YouTube e nas redes sociais do estúdio. Os pupilos podem ser dirigidos por Clarisse em faixas produzidas especialmente para que presenteiem seu amor — ou crush, vá lá.

É disponibilizado, ainda, às produtoras de publicidade um catálogo de vozes de vários profissionais do meio para jingles e locuções. A cantora, que dá aulas também na Escola de Música Villa-Lobos, prepara a voz de craques como as sambistas Beth Carvalho e Dorina Barros, e até de “canários” dos Estados Unidos, Japão, Inglaterra e Suécia. “Os estrangeiros costumam me procurar para entender os fundamentos essenciais de gêneros como samba, choro, bossa e brazilian jazz, envolvendo práticas de pronúncia, divisão, articulação, tessitura, divisão, swing e assimilação dos fonemas da língua portuguesa”, pontua Clarisse.

Mas a professora adverte: “A técnica é importante, claro, só que precisa vir acompanhada de alma, coração, entrega. Quem não encontra seu personalismo vocal, sua assinatura estilística, certamente será mais um no mercado.” Palavra da especialista.

 

Oficina da Voz Clarisse Grova
Segundas e terças, das 10h às 18h. Sextas, das 13h às 18h
Avenida Nilo Peçanha, 151/8o andar – Centro
Tel: (21) 97032-2673