Salmão brasileiro fisgava o ex-vice-governador a restaurante vizinho ao Mosteiro de São Bento

Você já ouviu falar em bijupirá, peixe com a aparência de um pequeno tubarão? Pois a carne branca e de sabor suave do intitulado “salmão brasileiro” fazia Raphael de Almeida Magalhães suspirar em sua mesa habitual no Restaurante Mosteiro (próximo ao Mosteiro de São Bento), único restaurante do Rio a servir a iguaria, até onde se sabe. No elegante ambiente de arquitetura clássica, o superadvogado, cujo escritório também ficava no Centro, gostava de almoçar a negócios ou simplesmente relaxar, entre amigos, da extensa agenda de trabalho.

Ex-vice de Carlos Lacerda no governo do Estado da Guanabara – comandando a grandiosa obra do Guandu, que salvou o carioca da contumaz falta de água –, ministro da Previdência Social e deputado federal, o tricolor de coração Raphael foi um ídolo do futebol de areia na praia de Copacabana, entre os anos 50 e 60. Chegou, inclusive, a atuar ao lado dos botafoguenses Garrincha e Nilton Santos. Admiradores – e muitas admiradoras do belo galã de olhos azuis – vinham de vários bairros para assistir a seus passes no capricho e inúmeros gols.

Quando estava no Mosteiro, Rafa – que inclui em seu substancial currículo o de advogado do escritor Nelson Rodrigues durante a vigência do Ato Institucional no 2 –, como os mais íntimos o chamavam, podia, antes de partir para o prato principal, se deliciar com empadinhas de camarão. Ou, se a frugalidade exigisse, uma simples saladinha de alface, tomate e palmito. Além do peixe raro nas mesas cariocas, a casa, famosa pela cozinha luso-brasileira, oferece diversas receitas de bacalhau.

Uma delas, “Ministro Temporão” – em homenagem ao ex-comandante da pasta da Saúde no governo Lula, José Gomes Temporão, cuja família administra o restaurante desde a inauguração, em 1964 –, consiste em uma generosa posta com brócolis, batatas, azeitonas, pimentões e cebolas. Os preparos à Lagareira (assada no azeite), ao Mosteiro (grelhada) e à Dom Alberto de Orléans e Bragança (lascas guisadas com arroz e brócolis) também têm boa saída. Arroz de pato, polvo ou frutos do mar, camarão refogado com quiabo e farinha torrada, pernil de cordeiro com arroz de açafrão, leitão à bairrada, tornedor de filé mignon ao poivre e picadinho à carioca brilham igualmente no cardápio.

No capítulo doces, destacam-se as especialidades portuguesas, como pastel de Belém, barriga de freira e toucinho do céu; a goiabada artesanal com catupiry; e os morangos selecionados com creme de chantilly. A digestão pode ser feita através de uma caminhada pelos pontos históricos da vizinhança, como o imponente Mosteiro de São Bento – fundado em 1590 e um dos principais monumentos da arte colonial brasileira –, e a Igreja da Candelária. Afinal, enunciava Raphael, “o Rio de Janeiro é um espaço especial à beira-mar, abraçado por um centro urbano de serviços, uma cidade a céu aberto, que nasceu para o lado de fora”. Aproveite!

 

Restaurante Mosteiro
Rua São Bento, 13 – Centro
Tel.: (21) 2233-6478