Musa da intelectualidade carioca tinha mesa cativa no Leblon

Leila Diniz = Ipanema, certo? Mas a feliz equação pode ser remontada também no bairro vizinho do Leblon. Lá, além de morar no Edifício My Rose, na Avenida Ataulfo de Paiva (em cima dos Correios), a atriz que revolucionou os costumes dos anos 60/70 tinha mesa cativa no Degrau. Por inúmeras noites, uma turma de amigos puxada pelo cineasta Bigode – que a homenageou com um filme biográfico – partiu ao encontro dela no restaurante situado na mesma rua em que a musa residia.

No período que marcou também o apogeu da censura, a ex-professora primária comandava sua animadíssima mesa de amigos igualmente libertários no Degrau. Foi na década de 70 que o lugar, fundado em 1963 como Bar Progresso, adotou o nome usado até hoje, em razão do desnível de um degrau na entrada, causador de constantes tropeços. A casa, honrando os tempos áureos de Leila, quando a boemia artística e intelectual fazia a festa madrugada adentro, é uma das poucas do Rio que fica aberta de 11h até o último cliente. E o cardápio se mantém essencialmente o mesmo.

Para começo de conversa, não podem faltar os hors concours pasteizinhos de camarão ou anéis de lulas fritas ao molho tártaro. Se quiser uma refeição leve, comande salada de galinha com molho golfe, castanha de caju e abacaxi, penne ao funghi com salmão e omelete. Caso a fome peça algo mais encorpado, vá de sinfonia marítima (camarão VG, polvo, peixe e mexilhão com arroz e brócolis), paella, moqueca capixaba, bacalhau à minhota, casuela de mariscos, frutos do mar com espaguete e açafrão, polvo à provençal ou lagosta ao Havaí.

No âmbito das carnes vermelhas, há opções como medalhão de filé ao molho de champignon com arroz à piemontesa, tornedor au roquefort e cordeiro guisado. Os pratos do dia também fazem sucesso: frango assado com arroz colorido (segunda), carne assada com arroz, feijão, fritas e ovos estrelados (terça), arroz de bacalhau
(quarta), dobradinha (quinta), rabada com polenta e agrião (sexta), feijoada e vatapá (sábado) e cozido (domingo). Para o arremate final, salada de frutas, doces portugueses e torta alemã.

Em 2010, a casa abriu um pequeno anexo, já assumidamente chamado de Tropeço, ideal para tomar um chope bem gelado com tira-gostos. As paredes exibem fotos de pessoas em situações de topadas, numa blague com o tal degrau que tanto assustou a freguesia. Por essa época, Leila, morta num acidente de avião cerca de quatro décadas atrás, já havia subido seu último patamar para as constelações.

 

Degrau
Avenida Ataulfo de Paiva, 517 – Leblon
Tel.: (21) 2259-3648