Moradores transformam terreno baldio em exemplo de gestão de espaço público
Um jardim gigante, de 16 mil metros quadrados, constitui quase a extensão de muitas residências do Humaitá. Mas até boa parte dos habitantes do bairro desconhecem o Parque do Martelo. “É um dos meus recantos preferidos – afirma Pedro Luís, um dos fundadores do carioquérrimo Monobloco. Além de um parque com características diferentes, é mais natural, no sentido literal do termo, pois aproveita as condições do próprio terreno sem intervenções ou modernizações.”
Em 2000, a Associação de Moradores do Alto Humaitá (AMAH) solicitou à prefeitura a permissão de uso de um terreno abandonado. Cinco anos e vários mutirões para limpeza da área depois, nascia o Parque do Martelo, na encosta do morro homônimo. “Mantido pelos próprios moradores do entorno da Rua Miguel Pereira (onde fica a entrada) e ruas adjacentes, ele se mostra exemplar também em múltiplas ações culturais e sociais. Promove eventos como exposições, exibições de filmes e cursos diversos, além do projeto de compostagem, com recolhimento domiciliar semanal do material tratado e doação de sementes para os participantes do programa”, revela Pedro.
Segundo a ilustradora botânica Mônica Claro, integrante da diretoria da AMAH, o trabalho de reflorestamento local precisa ganhar ainda mais força. Isso é feito a partir do replantio de novos exemplares da vegetação nativa, típica da Mata Atlântica, com o apoio de voluntários. “Organizamos campanhas para envolver a comunidade na manutenção do parque, que não recebe ajuda oficial. Não tenho conhecimento de um modelo como esse na cidade para cuidar de um espaço público”, realça Mônica, responsável pela programação de eventos.
“Dentre tantas opções, lá acontece uma das festas juninas mais simpáticas do Rio de Janeiro. Utilizado pelas escolas próximas, que promovem atividades diversas com seus alunos, em parceria com o parque, o lugar é ótimo para passeios com ou sem crianças. Cachorros não são permitidos – uma pena, mas imagino que tenham suas razões”, pondera Pedro Luís. Mas outros bichinhos circulam livremente por lá, como macacos-prego, ouriços- cacheiros, gambás, tucanos, tiês-sangue, jacupembas, entre outros.
Além da horta comunitária e das caixas de abelhas nativas, há, para os mais animados, equipamentos de ginástica e trilhas que oferecem uma linda panorâmica do Cristo Redentor, Lagoa e praia de Ipanema. Os pequenos fazem a festa nos brinquedos do parquinho. Aniversários infantis e piqueniques podem ser realizados ali, se reservados com antecedência. “No Instagram @parquedomartelo e na página do Facebook você pode acompanhar toda a programação. Vale muito um passeio para conhecer essa joia, chamada pelos próprios administradores de ‘um pedacinho do paraíso no Humaitá’, embaixo dos braços do Cristo Redentor”. Se é parte do repertório do Pedro, a gente faz coro afinadíssimo com ele.
Parque do Martelo
Rua Miguel Pereira, 41 – Humaitá.
Tel.: (21) 2527-0177