Conjunto de moradias populares replicou arquitetura dos esquimós

Sabia que na Zona Norte já foi montada uma espécie de laboratório habitacional para a população de baixa renda que ficaria conhecido como os Iglus de Guadalupe? A prova inconteste está no conjunto remanescente das chamadas “casas-balão”, que chegaram a ocupar a Rua Calama de ponta a ponta, entre fins de 1940 e princípios de 1950.

Em razão da Segunda Guerra, o Rio passara mais de cinco anos sem lançar moradias populares. Daí o então governo Getúlio Vargas buscou modelos construtivos que privilegiassem o melhor custo-benefício. Esse processo experimental, testado no subúrbio, levou a um improvável formato de edificação semiesférica em concreto, que remetia a abrigos de esquimós em pleno maçarico carioca. Um forno só.

Para contornar os problemas térmicos e de infiltrações, os moradores foram adicionando coberturas de amianto ou alumínio. E, quando não demolindo, incorporando “puxadinhos” às estruturas originais de paredes abauladas – que iam de “balão pequeno” (quarto e sala) a “balão grande” (três quartos). Mas, transcorridas sete décadas, ainda é curioso observar como a arquitetura típica do Polo Norte pôde inspirar um projeto habitacional na periferia de uma cidade que tem o epíteto “Rio 40 graus”.

 

Iglus de Guadalupe
Rua Calama