A favela sob o olhar de quem vê de dentro
No coração da Rocinha, a maior favela do Brasil, um projeto jornalístico tem se destacado como um importante agente de transformação social e cultural: o Jornal Fala Roça. Criado para dar voz aos moradores e abordar temas relevantes da comunidade, o Fala Roça vai além do papel informativo, tornando-se um verdadeiro instrumento de valorização da identidade local. Através de reportagens, entrevistas e iniciativas socioculturais, o jornal tem desempenhado um papel essencial na construção e preservação da memória da favela.
Entre as ações promovidas pelo Fala Roça, uma iniciativa vem ganhando cada vez mais relevância: a aula sobre a história da Rocinha. Realizada uma vez por mês na sede do jornal, essa atividade tem como objetivo resgatar as raízes da comunidade, proporcionando aos participantes uma imersão nos eventos e transformações que moldaram a favela ao longo dos anos.
A aula, ministrada por Michel Silva, fundador do Fala Roça, nasceu da necessidade de combater a maneira como a mídia tradicional retrata a Rocinha, frequentemente associando a favela apenas à violência e ao tráfico de drogas. A iniciativa busca mostrar que a Rocinha vai muito além disso, destacando sua riqueza cultural, sua história e o protagonismo de seus moradores. “Muitas vezes, a narrativa sobre favelas vem de fora para dentro. Queremos mudar isso, trazendo a perspectiva de quem vive e constrói a Rocinha todos os dias”, explica Michel. Além disso, muitas pessoas que vivem há anos na comunidade desconhecem sua própria história, e a aula foi criada justamente para preencher essa lacuna.
Os encontros abordam desde a ocupação inicial da região até as mudanças urbanísticas que influenciaram a estrutura da comunidade ao longo das décadas. A atividade não se limita a uma exposição teórica, mas sim a um espaço dinâmico de aprendizado, onde moradores, visitantes e pesquisadores têm a oportunidade de conhecer, debater e vivenciar a trajetória da Rocinha sob uma perspectiva interna e autêntica.
O impacto dessas aulas vai além do resgate histórico. Elas fortalecem a autoestima dos moradores e incentivam a preservação da memória local. Jovens que participam das atividades passam a se enxergar como protagonistas da história da Rocinha, e visitantes têm a chance de conhecer a favela de uma maneira mais autêntica e respeitosa, distante dos estereótipos frequentemente retratados pela mídia.
A atividade é gratuita, mas as aulas são bastante disputadas e as vagas se esgotam rapidamente. As inscrições são divulgadas no Instagram do Fala Roça, onde também é possível acompanhar outras iniciativas promovidas pelo jornal. Em cada nova edição, o projeto reafirma seu papel fundamental na valorização da cultura e da história da Rocinha, mostrando que a memória coletiva é uma ferramenta poderosa para construir um futuro mais consciente e conectado com as raízes da comunidade.
O Fala Roça se mantém por meio de publicidade, projetos incentivados e doações, que custeiam salários, deslocamentos, a sede do jornal e a produção de conteúdo.
Se você deseja apoiar o projeto, pode fazer uma doação diretamente pelo site do Fala Roça. Seu apoio ajuda a manter o jornal ativo, fortalecendo a comunicação comunitária e garantindo que a história da Rocinha continue sendo contada por quem vive nela.
Fala Roça
Estrada da Gávea, 558
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