Edições sobre o Rio Antigo sobressaem entre os tesouros
Localizada em um casarão do final do século XIX, na agitada Avenida Marechal Floriano (antiga Rua Larga), a Livraria Elizart foi fundada em 14 de agosto de 1972 por Manuel Mattos, um amante dos livros que fez da sua paixão um ofício. Para isso, não mediu esforços: reuniu os irmãos ao seu redor a fim de tornar o sonho realidade e até pediu uma mãozinha dos então colegas de Ministério da Fazenda, que ajudaram na doação dos primeiros livros ao nascente paraíso das letras. Hoje, a livraria é comandada pelo neto Artur Reis Pinho.
O chão de ladrilho marrom e os dois andares recheados com mais de 50 mil edições novas e usadas fazem os visitantes respirarem história e perderem a noção do tempo a cada passada de olhos nas prateleiras. No acervo que vai de títulos técnicos a esotéricos, os exemplares dedicados ao Rio Antigo sobressaem como as maiores preciosidades.
No período áureo, o movimento era tanto que os corredores viviam lotados de clientes ávidos pelas novidades (e raridades!) garimpadas pelo senhor Manuel — a ponto de os funcionários perderem a hora do almoço. Mas a revolução tecnológica foi transformando esse cenário. O acervo está aos poucos migrando para o mundo digital, que já corresponde a 30% das vendas.
Mesmo assim, para clientes fiéis e ilustres, como o escritor Ruy Castro e o músico Paulinho da Viola, nada se compara à experiência de circular pessoalmente naquela atmosfera de Rio Antigo; afinal, sair à caça de um título especial ainda é um programa cativo para os aficionados por livros de primeira edição ou autografados pelos autores. Das estantes da Elizart já saíram raridades como “Fotografias do Rio Ontem”, de Augusto Malta, a primeira edição de “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, e também a primeira edição — autografada — de “Os Bruzundangas”, de Lima Barreto.
Lá se podem contemplar também recortes com imagens de época, a exemplo da imagem da extinta Rua Municipal, que desapareceu para dar lugar à execução da Avenida Central; ou fotos de escritores consagrados, como Clarice Lispector, Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade e Vinícius de Moraes.
Nas palavras de Artur Pinho, a livraria foi onde ele aprendeu tudo. “Nossa força para continuar vem da paixão pelo que meu avô e minha família construíram. Gosto do que faço, aprendi a amar os livros. Não há nada melhor que conversar com os clientes na livraria”, garante. Aos 45 anos de idade bem vividos, a Elizart segue com muita história boa para contar.
Livraria Elizart
Segunda a sexta, das 9h às 19h
Sábados, das 9h às 13h
Avenida Marechal Floriano, 63 – Centro
Tel: (21) 2263-7334