Passarinhos repousam do último voo em minicovas na Ilha de Paquetá

O único sepulcrário de aves do Brasil (quiçá até da América Latina), o Cemitério dos Pássaros virou atração turística na bucólica Ilha de Paquetá. Fundado em 1915 por iniciativa de uma Liga Artística nativa, liderada por Pedro Bruno e Augusto Silva, desde a década de 60 o local foi cuidado com esmero por Aldemirio da Encarnação e Theophilo de Souza, que construiu uma casa de pedra nos fundos do terreno, A filha de Theophilo, Marli Coutinho Braga, assumiu a administração do espaço após o falecimento do pai, aos 89 anos, em 2013.

Nesse templo de delicadeza, 24 minicovas, no tamanho aproximado de uma caixa de sapatos e decoradas com florzinhas de plástico, acomodam canários, periquitos, pombos, calopsitas, papagaios e trinca-ferros. Os serviços funerários, que ocorrem em média 30 vezes por mês, são gratuitos.

Em 2011, foram instaladas placas, doadas por um grupo de artistas locais, com poemas e citações envolvendo os personagens principais do pequeno cemitério, como trechos de Maria, de Castro Alves (“Levas hoje algum segredo / Pois te voltaste com medo / Ao grito do bem-te-vi!”); Nova canção do exílio, de Carlos Drummond de Andrade (“Um sabiá na palmeira, longe / Estas aves cantam um outro canto”); e Passaredo, de Chico Buarque e Francis Hime (“Xô, pescador-martim / Some, rolinha / Anda, andorinha / Te esconde, bem-te-vi”). O painel poético transformou-se instantaneamente em cenário para fotos dos visitantes que flanam por Paquetá, onde o tempo parece eternamente em suspensão.

 

Cemitério dos Pássaros
Rua Manuel de Macedo, 135 – Paquetá