Instituição guarda um valioso acervo sobre o mundo das relações exteriores
Personagem emblemática da vida social do Rio, com incursões no jet set internacional, Anna Maria Tornaghi sempre conviveu no meio cativante dos embaixadores. E não hesita em apontar o Museu Histórico e Diplomático (MHD) como uma bela construção oitocentista a que pouco nos atentamos no corre-corre do Centro. Situado no imponente Palácio do Itamaraty – sede do Ministério das Relações Exteriores até 1970 –, a instituição guarda um valioso acervo sobre o universo da diplomacia brasileira.
“Inaugurado em janeiro de 1957, o MHD ocupa boa parte do Palácio, fundado em 1854. Lá, o visitante tem uma ideia de como era por dentro uma residência no século XIX, em amplos espaços com mobiliário, obras de arte e peças decorativas de época. O destaque vai para o suntuoso salão de baile e a sala de jantar, ostentando um raro papel de parede pintado à mão e uma grande mesa voltada ao terraço, de onde se aprecia o deslumbrante pátio interno. É possível passear pelo jardim, ornamentado por palmeiras imperiais seculares e um espelho d’água, com direito a observar o balé dos cisnes”, descreve a promoter.
O Museu, na verdade, fora instituído em 1955, por iniciativa do então ministro das Relações Exteriores José Carlos de Macedo Soares. Nascia com a função de guarda e exposição pública de móveis, objetos, alfaias e documentos de valor histórico, artístico e diplomático que formavam o patrimônio do Palácio do Itamaraty. E que, assim, expressavam fatos, tradições e personagens eminentes da vida nacional. Sua inauguração, pouco mais de um ano depois da publicação do decreto que o instituiu, fez parte da celebração do primeiro aniversário do governo Juscelino Kubitschek.
A partir da transferência da sede do Ministério do Rio para Brasília em 1970, o MHD foi fechado. A reabertura só ocorreria em 1982, após obras de reforma e reconstituição do acervo. Entre suas competências administrativas, coube a identificação e a repatriação de objetos de valor histórico encontrados em postos diplomáticos no exterior. Em 1986, chuvas fortes danificaram o Palácio, e o museu precisou fechar mais uma vez para obras, reabrindo oito anos depois.
A edificação neoclássica tornou-se a primeira sede da Presidência da República de 1889 a 1898, quando foi cedida ao Ministério das Relações Exteriores. Conservando até hoje a arquitetura original, abriga, além do MHD, a biblioteca; o Arquivo Histórico, que abrange documentos trazidos pela Secretaria dos Negócios Estrangeiros da Coroa Portuguesa, transferida com D. João VI ao Brasil, em 1808; o Centro de História e Documentação Diplomática; e o Escritório de Representação do Ministério das Relações Exteriores. E, ainda, a mapoteca histórica, a mais importante do gênero na América do Sul, com mais de 30 mil peças, entre cartas náuticas, atlas e globos. “Vale a pena conhecer esse tesouro da nossa diplomacia”, garante Anna Tornaghi, a eterna embaixadora do Rio.
Museu Histórico e Diplomático
Avenida Marechal Floriano, 196 – Centro
Tel.: (21) 2253-2828