Palacete na Gávea é o guardião da memória urbanística municipal
Don Juan Alberto Pedro Alcântara Gabriel Fernando de Coelho Lisboa de Padilla y de Borbón. Ao título nobiliárquico de príncipe – primo do rei emérito Juan Carlos de Bourbon, da Espanha – soma-se uma trajetória de advogado, artista plástico, modelo internacional exclusivo do falecido costureiro Denner, cantor e ator – um galã arrasa-quarteirão que estampava as capas de revistas de celebridades na década de 70, quando iniciou a carreira artística.
Juan de Bourbon é também sobrinho da jornalista, poetisa e empresária Rosalina Coelho Lisboa de Larragoiti, uma feminista de proa na alta sociedade e na vida pública brasileiras entre as décadas de 20 e 50. Um retrato de Rosalina – óleo sobre tela de Ignacio Zuloaga Zabaleta –, que foi amiga de Getúlio Vargas, Assis Chateaubriand, Roberto Marinho, Nelson Rockefeller e até Albert Einstein, integra a coleção de 24 mil peças do Museu Histórico da Cidade, que Juan costuma frequentar.
Fundada em 1934, a instituição responde pelo maior conjunto de bens museológicos sob a guarda da Prefeitura. Acolhe registros relevantes para a memória do Rio de Janeiro, como os planos para a abertura da Avenida Central e objetos do dia a dia dos habitantes. “Trata-se de um ponto de referência à observação da identidade urbana e das transformações sociais, econômicas, políticas e culturais sofridas pelo município que foi capital da Colônia, do Império e da República”, comenta Juan.
Assim como o quadro de Rosalina Coelho, o museu – que ocupa um palacete dentro do Parque da Cidade, na Gávea – expõe também obras de artistas renomados, a exemplo de fotografias de Marc Ferrez e Augusto Malta; aquarelas de Thomas Ender e Adalberto da Prússia, retratando o Rio do início do século XIX; gravuras e litogravuras com imagens dos períodos colonial e imperial, de Debret, Maria Graham, Eugène Cicéri e Friedrich Hagedorn; estandartes do século XIX, como o do Senado da Câmara, usado na recepção da família real portuguesa em 1808; e a coleção de objetos de arte decorativa que pertenceram a Guilherme Guinle, último proprietário do imóvel.
“Após visitar o Museu, sempre dou uma caminhada pelo Parque da Cidade, uma Unidade de Conservação Municipal de quase 500 mil m2, que vai até o Parque Nacional da Tijuca. Em meio à tranquilidade do bioma característico da Mata Atlântica – com espécies de pau-brasil e ipê-amarelo e aves em extinção, como o tucano-de-bico-preto e o sabiá-laranjeira –, recarrego as energias para os shows que faço frequentemente na noite carioca.” Um passeio digno da realeza.
Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro
Estrada Santa Marinha, s/no (acesso pela
Rua Marquês de São Vicente) – Gávea
Tel.: (21) 3111-2011