Primeira feira de brechós do Rio agita a Calçada da Cufa Madureira

Tudo começou há alguns anos, quando um grupo de mulheres vendia roupas e marcava a entrega na estação de trem de Madureira, pelo Orkut velho de guerra e, depois, pelo Facebook. A maioria, sem emprego formal, extraía dessa atividade sua renda principal.

Ao longo do tempo, os encontros das meninas – com o crescimento do número de adeptas – foram ganhando proporções gigantescas e lotando a estação. Resultado: os lojistas da região ficaram incomodados. A ponto de, certo dia, Michelle Rey, uma das quatro administradoras das Brecholeiras, ser instada pela Guarda Ferroviária a dar explicações sobre toda aquela aglomeração que se formava aos sábados na plataforma.

Cabisbaixa, Michelle informou às companheiras que precisavam deixar o local, senão as mercadorias seriam apreendidas. “Saímos corridas. Era notório o desespero nos semblantes. O pavor e a tristeza tomaram conta”, recorda ela, que, na semana subsequente, expôs a situação dramática à Central Única das Favelas (Cufa) em Madureira, que acolheu a iniciativa.

Crescimento exponencial

Essa é a gênese da primeira feira de brechós do Rio. Agora, as atuais 120 expositoras podem trabalhar com segurança em estandes num espaço abrigado: a Calçada Cultural da Cufa, nome carinhoso dado por elas próprias. O evento acontece todos os sábados, das 9h às 15h, embaixo do viaduto Negrão de Lima. E, para incrementar ainda mais os negócios, tem até um cartão de crédito pré-pago para chamar de seu – o Brecholeira’s Card.

Os bicudos ares pandêmicos acabaram por impulsionar as vendas. “Estamos percebendo que o movimento triplicou, tanto de compradores quanto de expositores – já contabilizamos uma fila de cerca de 600. O interessante disso tudo é que, com a crise, o ramo cresceu exponencialmente, trazendo uma clientela cada vez mais interessada em adquirir roupas de qualidade a preços irrecusáveis”, reporta Michelle.

Ao lado das outras administradoras – Adriane Ramos, Luciana Silva e Marisa Botelho –, ela conclui: “Somos pioneiras nesse segmento e inspiração para outras feiras que começam a surgir, ajudando a driblar o desemprego e empoderar as mulheres. A marca Brecholeiras é patenteada, conta com aplicativo e apresenta uma vitrine virtual de 126 mil pessoas que acompanham esse trabalho de sustentabilidade, gerando assim um engajamento positivo.”

 

Brecholeiras

Rua Francisco Batista, 2 – Madureira

Tel.: (21) 97470-1244