Entidade promove reflexões sobre os desdobramentos da escravidão
Estudar e proteger o patrimônio material e imaterial afro-brasileiro é a missão do Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN), entidade privada sem fins lucrativos, mantida com doações e voluntariado, aberta em 2005. O conhecimento gerado por suas investigações arqueológicas e atividades educativas propiciam reflexões em torno dos efeitos da escravidão para os princípios de igualdade racial no país.
A estrutura do Instituto se ramifica pelos núcleos interdisciplinares Educação, Pesquisa, Arte Contemporânea e Sustentabilidade. São realizados cursos, palestras e oficinas, construídas a partir de um projeto pedagógico que contempla temas como História da Região Portuária, Cosmogonia Africana, Arqueologia da Diáspora Africana, Conto de Tradição Oral Afro-brasileira e Nações Africanas na Era do Tráfico Negreiro.
O foco do IPN recai sobre o sítio histórico do Cemitério dos Pretos Novos (denominação relacionada aos negros africanos recém-chegados ao Rio), tencionando valorizar a memória e a identidade cultural brasileira em diáspora. O cemitério – que funcionou entre 1772 e 1830 na região do Valongo – servia ao sepultamento daqueles que não resistiam às intempéries da viagem transatlântica e morriam após o ingresso dos navios na Baía de Guanabara, antes mesmo que pudessem ser comercializados em praça pública. Os sobreviventes eram levados à senzala.
Além da exposição permanente do Memorial dos Pretos Novos – eleito Patrimônio da Humanidade pela Unesco e considerado o maior cemitério de escravizados das Américas –, existe um auditório multidisciplinar, onde acontecem encontros culturais, clubes de leitura e saraus. Esta sala é o ponto de partida para a visitação interna, com a exibição de vídeos sobre o achado arqueológico e a história dos pretos novos.
Há, ainda, galeria de arte contemporânea (mostras com temáticas afrocentradas e que promovam reflexões sobre direitos humanos e igualdade racial e de gênero), biblioteca (com publicações especializadas nesses assuntos), sala de aula e a lojinha de suvenires Kukanbula, que vende uma linha de produtos exclusivos, criados a partir de obras de artistas que expuseram na galeria.
Já a visitação externa consiste no Circuito de Herança Africana, em que se atravessa a pé um trajeto de dois quilômetros, com o acompanhamento de guias, para observar pontos de relevância histórica: Largo de São Francisco da Prainha, Pedra do Sal, Morro da Conceição, Jardim Suspenso do Valongo, Largo do Depósito, Armazém Docas Dom Pedro II, Cais do Valongo, Casa de Machado de Assis, Centro Cultural José Bonifácio e Cemitério dos Pretos Novos.
Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos
Rua Pedro Ernesto, 32 – Gamboa
Tel.: (21) 2516-7089