Estátua homenageia o “mestre-sala dos mares”
Estátua de João Cândido, o Almirante Negro – Praça XV – Centro. Em frente às “pedras pisadas do cais”, onde flui a Baía de Guanabara, situado entre construções históricas da Praça XV — como o Chafariz do Mestre Valentim e o Arco do Teles — e as modernas instalações da Estação Praça XV do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) resplandece o Monumento a João Cândido.
Popularmente conhecida como “Estátua do Almirante Negro”, a peça produzida em bronze mede 4,3 metros de altura e 1,5 m de base. A imagem que glorifica a memória do ilustre marinheiro foi inaugurada em 22 de novembro de 2007, nos jardins do Museu da República, no aniversário de 97 anos da Revolta da Chibata.
No ano seguinte, ela seria transferida para a Praça XV, em solenidade realizada em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. Na festa, autoridades, políticos, artistas e ativistas sociais lembraram a importância da trajetória do navegante João Cândido Felisberto, líder da Revolta da Chibata. A rebelião de marinheiros, a maioria negros, aconteceu em 1910, contra castigos com chicote que lhes eram impingidos por oficiais, 22 anos após a abolição da escravidão. O motim resultou na morte de seis pessoas, mas também ocasionou o fim das expiações corporais na Marinha.
Preso e expulso da corporação, o “almirante negro” faleceu em 1969, doente e esquecido. Porém, anos depois, sua história tomou outros rumos. Em 2008, João Cândido foi anistiado, por meio de projeto de autoria da senadora Marina Silva, sancionado pelo ex-presidente Lula. Hoje, em meio ao frenético ritmo do Centro do Rio e ao som do sinal do VLT, que por sua vez remete aos sinos dos bondes antigos, é possível admirar o monumento, idealizado pelo artista plástico Valter de Brito. A estátua, que retrata o líder da Revolta da Chibata segurando um leme em uma das mãos, enquanto a outra aponta para o mar, evoca os ideais do “almirante negro” e eterniza a esperança em um futuro de igualdade social no Brasil.
Em tempo: nosso herói virou tema da música “O Mestre- Sala dos Mares”, de João Bosco e Aldir Blanc. Imortalizada na voz de Elis Regina, em 1974, no auge da ditadura militar, a canção resgatou uma das principais histórias de resistência e mobilização contra o autoritarismo no país.
Estátua de João Cândido, o Almirante Negro
Praça XV – Centro