Quem vai querer mantinhas aveludadas do agreste caruaruense?
“O Chico não era muito de sair. Gostava mesmo de viajar nas poucas folgas que tinha. Mas, como bom nordestino, sempre que possível adorava ir à Feira de São Cristóvão. Comia queijo coalho, sarapatel ou baião de dois e ficava conversando com os vendedores conterrâneos. Lá, ele se sentia”, brinca a ex-Frenética Regina Chaves, que foi casada com o humorista. Cearense de Maranguape, ele adotou a Cidade Maravilhosa aos oito anos de idade. E se considerava “um carioca de Laranjeiras e do Catete”.
O pavilhão, inaugurado em 1962, foi construído para sediar a Exposição Internacional de Indústria e Comércio durante o governo Juscelino Kubitschek. O projeto, do arquiteto Sérgio Bernardes, definia uma das maiores áreas cobertas sem vigas do mundo até então, num total de 156 mil metros quadrados. No intuito de suprir a ausência de colunas de sustentação, as paredes precisaram ancorar cabos de aço para formar a superfície elíptica curvada em dois sentidos.
Mas os primeiros movimentos que originaram a Feira remontam a 1945, quando começaram a chegar caminhões de retirantes ao Campo de São Cristóvão, no propósito de trabalhar na construção civil. Para matar a saudade de casa, eles promoviam encontros animados por músicas e comidas típicas. A Feira foi se organizando ao redor do Campo até a prefeitura reformar, em 2003, o antigo pavilhão e transformá-lo no Centro Municipal Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas. Hoje, são cerca de 700 barracas e 35 restaurantes compondo um vibrante mosaico com o melhor da cultura e iguarias regionais.
Claro que em meio ao mundaréu de produtos, existem lá uns segredinhos. Afinal, quem pensaria em achar cobertas num lugar que remete a sol e calor? Pois na Gota Serena bombam as mantas aveludadas vindas de Caruaru, Agreste de Pernambuco. E tem mais: além de bonecas de argila pintadas à mão, a escultura de um pônei em tamanho real, paramentado com a característica indumentária sertaneja do lado de fora da loja, é o décor arretado para selfies de crianças e adultos.
Os pitéus que faziam nosso gênio do humor sorrir podem ser degustados na Barraca da Chiquita – a Francisca Alda, conterrânea de Chico, em frente ao palco Jackson do Pandeiro, onde rolam atrações musicais. De sobremesa, prove os sorvetes artesanais da Sabor do Norte, à base de polpas de frutas como mangaba, seriguela, umbu, graviola, taperebá e pitanga.
No quesito comprinhas, a Rei dos Temperos vai de pimentas em conserva a especiarias perfumadas e moídas na hora. É possível levar também coalho, bolo de massa puba (extraída da mandioca fermentada) e pão de mel com rapadura da Queijaria Lampião. Na praça central da Feira, uma tenda – que emula um pau de arara, caminhão conhecido por transportar ilegalmente trabalhadores no Nordeste – expõe livrinhos de cordel. Um autêntico show essa Chico City, visse?
Centro Municipal Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas
Campo de São Cristóvão, s/n – São Cristóvão
Tel.: (21) 2580-5335