Preservação e debate da cultura afro-brasileira na região portuária

Um museu sobre a verdade. Esse é o lema do Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), inaugurado em 23 de novembro de 2021, na Gamboa. Localizado na Pequena África, a qual tem como marco zero o Cais do Valongo, ele reporta a história da região portuária que recebeu o maior desembarque de africanos escravizados no mundo.

A instituição visa apresentar importantes marcos de afirmação e o desenvolvimento da cultura afro-brasileira, além de debater conceitos que advêm dessa narrativa e a situação do negro no país hoje. É definida como um museu de tipologia híbrida: museu de território, museu a céu aberto, museu de responsabilidade social e museu histórico.

O espaço – que promove exposições de longa duração e temporárias, curso e oficinas – representa um dos 15 pontos de memória que compõem a Pequena África. Seu acervo, de cerca de 2,5 mil itens, reúne pinturas, esculturas e fotografias de diferentes períodos da história do Rio (incluindo obras de Heitor dos Prazeres e Manezinho de Araújo), além de trabalhos de artistas plásticos contemporâneos. As edificações e os elementos urbanos também são catalogados, como acervo territorial.

TECENDO RAÍZES

Logo na entrada, uma carranca dá as boas-vindas aos visitantes. Na primeira sala, a Conceição Evaristo, um mapa gigantesco identifica as rotas do tráfico de negros da África para o Brasil. Lá, o destaque vai para a instalação “Tecendo raízes”, uma ciranda com tecidos africanos que reconta as origens dos povos ancestrais.

Na sequência, vem a sala Agnaldo Camargo, revelando uma série de plantas com fins de cura cada uma relacionada a um orixá – e esculturas em barro dessas divindades, executadas pela artista Carmem Barros. Já a resistência se evidencia na sala Grade Otelo, em textos e fotos. Chamam a atenção três telas de Nelson Sargento e uma coleção fotográfica com imagens da atriz Ruth de Souza e do Teatro Experimental do Negro.

Por sua vez, a sala Mestre Marçal é dedicada a atividades educativas para crianças e adolescentes. E a sala Abdias do Nascimento traça uma linha do tempo e exibe vídeos com a história do Muhcab. Uma obra interativa permite ao visitante viajar pela Pequena África. O auditório se destina a organização de palestras, seminários e debates, enquanto o pátio é reservado a rodas de samba, jongo e outros ritmos, além de ponto de encontro, com comes e bebes inspirados na culinária afro.

Vale salientar que, além do novo centro de preservação e valorização da história negra, o Mercado de Escravos do Valongo, o Cemitério dos Pretos Novos, a Escola José Bonifácio, a Casa de Machado de Assis, o Quilombo da Pedra do Sal e a Igreja de Santa Rita estão entre os 15 pontos de memória da Pequena África.

 

Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (Muhcab)

Rua Pedro Ernesto, 80 – Gamboa

Tel.: (21) 2233-7754

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