Restauração mantém características coloniais e incorpora modernidades
Uma das construções que marcam o núcleo do desenvolvimento da cidade, o Convento do Carmo, de 1620, passou por uma ampla reforma durante quatro anos. Desde maio de 2022, sedia o Centro Cultural da Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro. Localizado na Praça XV, o espaço abriga também as salas de aula da Escola Superior de Advocacia Pública (Esap), o Centro de Estudos Jurídicos (Cejur), biblioteca, salão de exposições e bistrô.
O ponto focal das obras de restauro da edificação – tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) – foi procurar manter as características da arquitetura colonial, no tocante a esquadrias, pisos, forros e pinturas. Igualmente, buscou-se incorporar soluções de acessibilidade e conforto ambiental e acústico, alinhadas às instalações prediais contemporâneas.
No térreo da construção de três pavimentos – que serviu de residência à rainha D. Maria I, única mulher a assumir o trono português –, sobressaem os vãos em arcos, que emolduram o bistrô e o salão de exposições. Já a reforma do segundo andar evidencia a estrutura das paredes internas, com vigas de madeira entrelaçadas, patenteando a preocupação dos nobres europeus associada aos abalos sísmicos sofridos por Lisboa em 1755.
PEÇAS ARQUEOLÓGICAS
A obra revelou, também, uma parede em trompe l’oeil (técnica artística, com truques de perspectiva, criando uma ilusão de ótica de modo a que uma figura pareça ter três dimensões), que simula uma divisória em madeira. E paredes executadas por meio de pedras coladas com óleo de baleia.
Nas escavações realizadas para a instalação de novos sistemas de saneamento, encontraram-se valiosas peças arqueológicas, que retratam o dia a dia da Família Real. Esses utensílios – louças francesas e inglesas, talheres de prata, objetos de cerâmica, garrafas de vinho, pentes, cachimbos, moedas –fazem parte de uma exposição permanente.
“É com muita alegria que devolvemos esse patrimônio para a população. E não poderíamos oferecer essa herança de volta aos moradores e visitantes sem adicionar a nossa contribuição para que o Convento possa ser uma nova opção de cultura e lazer, inaugurando o Centro Cultural da PGE. A ideia é que, a exemplo dos tempos em que o Convento foi construído e viu nascer a cidade à sua volta, agora a gente possa ajudar o movimento para o renascimento do Centro”, frisa o procurador-geral do Estado, Bruno Dubeux.
O espaço foi inaugurado com a “Composição Carioca”, uma exposição coletiva em homenagem ao Rio de Janeiro, a partir do olhar de artistas que veem a Cidade Maravilhosa e seus habitantes como estímulo à criação; entre eles Adriana Varejão, Beatriz Milhazes, Vik Muniz, Agrade Camíz e Tainan Cabral. “A mostra – recapitula Cecília Fortes, curadora do Centro Cultural da PGE – reuniu a pluralidade de potências do Rio, cuja riqueza emerge não apenas das suas belezas naturais, mas também das diferentes personas que nele habitam.”
Centro Cultural da Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro
Praça XV, 101 – Centro
Tel.: (21) 2332-7136
