Antiga chácara do Comendador Peixoto preserva ares de interior em Copa

Bairro, bairro mesmo oficial, ele não é. Na verdade, praticamente se circunscreve ao quadrilátero e arredores da Praça Edmundo Bittencourt, que simboliza o irresistível Bairro Peixoto. Pois não há quem não se apaixone pela atmosfera de cidadezinha do interior que se respira ali. Fica difícil imaginar que estamos em plena Copacabana, tamanho o contraste entre o agito de suas barulhentas vias e esse aconchegante cantinho.

Os terrenos das atuais ruas Décio Villares, Maestro Francisco Braga, Tenente Marones de Gusmão, Capelão Álvares da Silva, além do ocupado pela praça, pertenceram à chácara do comerciante português Comendador Paulo Felisberto Peixoto da Fonseca, que desembarcou no Brasil em 1875. A propriedade, com inúmeras árvores frutíferas, tinha até uma lagoa e um pantanal. Sem descendentes, o Comendador Peixoto doou, em 1938, toda aquela região a cinco instituições de caridade.

Peixoto condicionou o gesto filantrópico, porém, a que as futuras construções na área não suplantassem a altura de três pavimentos. Essa cláusula contratual sofreu adulterações ao longo do tempo. Ainda assim, conseguiu garantir a manutenção de um gabarito bastante inferior ao do resto de Copa. Na década de 1990, a criação da APA do Bairro Peixoto determinou o tombamento de dezenas de imóveis (objeto de desejo de muitos cariocas) e uma altura máxima de 15 metros como critério básico a novas edificações.

Para uma pracinha escondida no corre-corre urbano, até que ela é bem movimentada. No dia a dia, as cenas se repetem: crianças nos brinquedos do parquinho, jovens praticando na quadra esportiva, cachorros em algazarra no espaço a eles destinado e as pessoas 60+ se exercitando nos aparelhos da Academia da Terceira Idade (ATI), além das incursões na horta comunitária.

Mas não para por aí. Às quartas, tem a tradicional feira-livre, com frutas, legumes e verduras frescos. Aos sábados, rolam os mesmíssimos ingredientes – e mais compotas, molhos, castanhas, grãos integrais, vinhos e mel –, só que nas barraquinhas dos pequenos produtores orgânicos. Igualmente aos sábados (apenas no segundo de cada mês), acontece uma terceira feirinha, a de artes e artesanato, turbinada por quitutes e música ao vivo. O evento, organizado pela Associação de Moradores, visa transformar a pracinha numa área ecológica. Os recursos angariados revertem para atividades educativas e ambientais.

 

Praça Edmundo Bittencourt

Bairro Peixoto – Copacabana