Complexo histórico, arquitetônico e paisagístico no bairro imperial

Ocupado pelo clã imperial desde a transferência da Corte portuguesa, em 1808, até a Proclamação da República, a Quinta da Boa Vista, no bairro de São Cristóvão, constitui um dos maiores parques urbanos do Rio. Com cerca de 155 mil metros quadrados, o valioso complexo histórico, arquitetônico e paisagístico é procurado por famílias inteiras, que não raro passam o dia todo em meio aos diferentes equipamentos culturais e de lazer.

Além da beleza dos jardins, pequenas colinas, do lago e dos incontáveis recantos do parque, perfeito para um piquenique de domingo, a Quinta ferve de gente, cultura, gastronomia e diversão, com eventos de todos os tipos. Um exemplo foi o retorno para o local, em 2023, da Feira Medieval, considerada o maior acontecimento do gênero no Brasil e que já reuniu mais de 20 mil pessoas. Com shows, fantasias, barracas de produtos típicos da Idade Média, de acessórios a bebidas como o hidromel, passando por arco e flecha e luta de espadas, a Feira levou o parque e os cariocas para uma viagem no tempo.

De volta para o futuro, a Quinta ainda contou com a presença de milhares de pessoas na já clássica Gastro Beer, com seus 14 shows, tour cervejeiro e comida para todos os gostos. E teve edição comemorativa da carioquíssima Junta Local, com seu ambiente que combina um belo programa de família à degustação de produtos locais e artesanais.

Em meio a tanta agitação, não falta espaço para o conhecimento. A Quinta recebe atividades de introdução à ciência, para todas as idades, incluindo teatro e diversos museus itinerantes, entre eles o interativo Museu da Vida, da Fiocruz. Em 2023, após uma interrupção de três anos em função da pandemia, foi retomado o “Domingo com Ciência na Quinta”, organizado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), com apoio da Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia do Rio.

E, por falar com conhecimento, o Museu Nacional, a mais antiga instituição científica do país, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), localizado no palácio em estilo neoclássico, ex-residência da Família Real, começa a voltar à vida. Tombado pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan), o prédio sofreu um incêndio de grandes proporções em setembro de 2018, que atingiu a quase totalidade do acervo em exposição, com mais de 20 milhões de itens.

Quatro anos depois, teve a fachada e o jardim restaurados, o que por si só já vale o passeio. As exposições no interior do Palácio de São Cristóvão permanecem suspensas até que estejam concluídas as obras de reconstrução, previstas para 2026, mas há mostras temporárias, como a coleção de minerais resgatados do incêndio e os recentemente adquiridos, no hall de entrada do prédio; as esculturas em mármore de Carrara representativas da mitologia grega (que ficavam no topo do edifício), no jardim do terraço; fotografias e painéis com textos realçando momentos marcantes da história da instituição, na alameda das sapucaias, ao lado do jardim; e o “Festivas Museu Nacional Vive”, com atividades gratuitas, como tenda científica, horto botânico e rodas de conversa.

Em junho próximo, está prevista a abertura do primeiro espaço, a Sala do Bendegó, onde fica o meteorito homônimo, uma das poucas peças que subsistiram ao fogo. A pedra, com mais de cinco toneladas, foi encontrada em 1784 perto de um rio no interior baiano e tempos depois encaminhada ao Museu por ordem de D. Pedro II.

BioParque do Rio

Em março de 2021, o antigo Jardim Zoológico deu lugar ao BioParque do Rio, baseado no tripé educação, pesquisa e conservação, com mais de mil animais de 140 espécies, segmentados por oito áreas. Logo na entrada, há o impacto da Imersão Tropical, um imenso viveiro de 1,3 mil metros quadrados, em que revoam cerca de 170 indivíduos de 42 espécies, como arara-canindé, bem-te-vi, periquito-rico, papagaio-campeiro, maitaca-de-cabeça-azul e tririba-de-testa-vermelha.

Na Ilha dos Primatas, encontram-se espécies oriundas da Floresta Amazônica, onde estão 60% das 156 famílias dessa ordem animal na América do Sul. E na Vila dos Répteis podem ser observados jacarés, serpentes e quelônios – alguns são predadores e ocupam o topo da cadeira alimentar – em pleno banho de sol, cujo calor mantém a sua temperatura corporal.

Os outros setores consistem em Reis da Selva, Savana Africana, Cerrado, Carnívoros e Asiáticos. Além disso, o BioParque disponibiliza a Experiência Imersiva Barquinho, uma aventura extra pelo aprazível lago da Quinta da Boa Vista para ver animais como antílopes, carneiros, cervos, hipopótamos e aves, a exemplo de avestruzes e do casuar, originário da Oceania. Um oásis que simboliza o encontro entre as pessoas e a natureza, marca indelével do Rio de Janeiro.

 

Quinta da Boa Vista
Avenida Pedro II, s/nº – São Cristóvão