O Central Park tropical tornou-se um ícone do carnaval de rua na Cidade Maravilhosa
Um projeto arrojado da arquiteta Lotta de Macedo Soares, que sonhou em construir o nosso Central Park no início do governo Carlos Lacerda, o Aterro do Flamengo se materializou em 1965. O que ninguém poderia prever é que o local, que se mistura à história urbana, social e política do Rio de Janeiro, se transformaria em ícone do carnaval. Em meio às intermináveis mutações da festa que define a identidade carioca, o Parque é um epicentro de inovação, ecletismo musical e gente. Muita gente.
Primeiro, marcou a mudança e ampliação do carnaval de rua, entrando em um circuito que ligou o Centro à Zona Sul. Depois, foi a casa onde cresceram e abriram as asas alguns dos blocos mais marcantes da cidade, que atravessam gerações, culturas e gostos.
É o lar dos indiscutíveis Bangalafumenga e Orquestra Voadora, com suas fusões alucinantes de instrumentos, ritmos e espetáculo em uma empolgação sem fim. Se a “Banga” como é carinhosamente chamada, mergulha em todas as faces da música brasileira, pode-se atribuir à Orquestra a popularização das pernas de pau e da estética circense no carnaval − e fora dele.
Cada um com seu estilo, mas sempre lotados, não ficam atrás o Sargento Pimenta, que abriu portas antes impensadas ao trazer os clássicos dos Beatles para a folia, atraindo novas gerações; e o Bloqueen, uma espécie de “sucessor espiritual”, que mergulha em um carnaval ao som inconfundível do gênio Fred Mercury e do Queen.
Também no Parque do Flamengo, ganharam morada permanente os − muitos − Tambores de Olokun, bloco que traz em suas cores, movimentos e sons a linguagem do candomblé e dos maracatus de baque virado do Recife. Além de se apresentarem na festa, os Tambores de Olokun ainda ensaiam todo mês por lá, bombeando vida nas largas avenidas criadas por Lacerda.
E já que o assunto é carnaval, o Almanaque não poderia deixar de destacar a reabertura, em agosto de 2023, do Museu Carmen Miranda, artista cujo talento e referências até hoje remetem, em todo o mundo, à alma e musicalidade dos cariocas.
Projetado pelo arquiteto Afonso Reidy e sempre um dos mais visitados da cidade, o Museu, que esteve fechado por uma década, foi finalmente devolvido ao público. O espaço remonta a trajetória da Pequena Notável em todas as fases de sua carreira, por meio de um acervo de mais de três mil itens, abarcando figurinos, joias e sapatos extravagantes usados pela cantora, fotos raras, objetos pessoais e registros históricos. O Museu promove, também, atividades culturais como palestras, oficinas e apresentações artísticas.
Isso tudo sem falar em tantos outros pontos de encontro, antes, durante e depois da folia, como o Anfiteatro, o teatro de marionetes, o coreto e a Cidade das Crianças, equipamento idealizado pela pedagoga Ethel Bauzer, além dos oito campos de futebol society e as quadras poliesportivas, que passaram por reformas em 2022, juntamente com a ciclovia e a pista de skate. Perto dos seus 60 anos e mais animado do que nunca, o Parque do Flamengo pulsa com a energia carioca.
Aterro do Flamengo
Avenida Infante Dom Henrique, s/n
parquedoflamengo